Olá, pessoal! Tudo bom com vocês?
Hoje vou resenhar um conto que acabou de ser lançado no Mundo Virtual: Maldita Judia, de Samuel Brito — famoso por Psi, Judas e A Cesareia. Vamos conhecer a trama?
Polônia, fim da Segunda Guerra Mundial. Hadassa e seus vizinhos e familiares, todos judeus, são levados por soldados alemães rumo aos campos de concentração. A personagem-título diz saber o que esperava por ela: dor, sofrimento, morte em meio a milhões em mesmas condições. Então, ao perceber os olhares vindos de um militar, ela vê uma oportunidade de escapar dali. Esconde-se atrás do trem e se encontra com o homem. Por sorte, é aparentemente confundida com uma ariana quando flagrada aos beijos pelos superiores do rapaz. Porém, outro soldado, Kulawski, mais esperto, descobre a origem da judia, mas não a denuncia. Pelo contrário, a infiltra em esconderijos nos porões das casas com a condição de ela denunciar os fugitivos. O tempo passa, e os Aliados vencem a guerra. Hadassa tem esperança de encontrar seus pais, mas não há mais registros do paradeiro deles. Kulawski decide levá-la para a Argentina, mas é denunciado por ela junto com toda a tropa. Em seguida, a “maldita judia” foge de onde está, mas não consegue fazer o mesmo com relação ao destino: grávida do “filho da guerra”.
Samuel traz uma história bastante curta, com apenas nove parágrafos, e focada nos principais acontecimentos na vida de Hadassa na guerra, sem muitos detalhes e com bastante interrogação. O que a moça sentiu, pensou, presenciou em cada trecho do conto. Faltou um tantinho de emoção, de o autor saborear mais as palavras para satisfazer a ideia interessante e carismática da trama. Há um conflito que pode ser explorado ao máximo. Além disso, Hadassa é daquelas personagens com potencial de ganhar torcida dos leitores, a ponto de transformar Maldita Judia em um conto maior ou até numa minissérie. Sobre o guarda Kulawski, declaro o mesmo. Do pouco que se lê sobre ele, é alguém que pode ter algumas camadas escondidas. Um anti-herói, um vilão, até mesmo um herói? Isso fica para a nossa imaginação.
O texto se mostra em primeira pessoa e com tons de expressividade nos dois primeiros parágrafos, quando Hadassa narra a ida para o campo de concentração. Depois, como dito acima, o autor foca numa descrição mais objetiva dos atos da heroína. Ficaria perfeito se esse toque emocional ficasse uniforme por todo o texto. O que ela sentiu enquanto se infiltrava em cada casa, enquanto escapava dos problemas… Essa parte ficou mecânica, a meu ver.
Na questão gramatical, vários problemas com a pontuação. O autor liga frases com contextos diferentes apenas com vírgulas em vez de pontos, por exemplo. O primeiro parágrafo tem aspecto de uma única sentença, mas, na verdade, mostra várias, o que compromete a fluidez. O problema segue até o fim do conto, mas é no início que tem maior intensidade. Pede-se cuidado também com o uso de traços no lugar dos travessões e com a crase. No trecho “(…) de seis à sete meses.”, o acento grave não deve ser aplicado. Antes de numeral, ele só estará presente se houver contexto de horário. Por exemplo: O trem parte às sete horas.
Maldita Judia está disponível no catálogo da WebTVPlay.
Em breve, trago uma nova resenha. Desejo muita leitura e saúde de sobra para vocês. Não se descuidem, que o coronavírus está à solta, ok? Até a próxima!