Os Estranhos Sussurros do Internato Santa Helena: convite para o terror da melhor qualidade

Olá, pessoal! O UNIVERSO VIRTUAL agora está de casa nova, aqui na vizinhança da Widcyber. Aproveitei para trazer as postagens anteriores e chamo vocês para participarem deste espaço voltado, em grande parte, para a produção literária virtual, em especial de plataformas como a própria Widcyber, além do Megapro, da Rajax, da WebTV e semelhantes.

O blog antigo (univirtualblog.blogspot.com) ficará aberto até 31 de maio para leitura e excluído em seguida.

Pois vamos ao que interessa. A resenha da vez é de uma história de puro terror em três episódios: Os Estranhos Sussurros do Internato Santa Helena, de Marcos Vinicius, em postagem durante esta semana. Nela, crianças presenciam fenômenos malignos em um lar no alto de uma colina. Acharam pesado? Acompanhem os principais acontecimentos:

 

 

1, 2, 3, bate na parede…

1920. Com esse bordão, um menino de cabelos encaracolados assusta os coleguinhas do internato com suas brincadeiras tão esquisitas quanto ele. Uma delas é trancar os companheiros no quarto mais macabro do segundo andar. Isso é o bastante para o céu fechar por cima da floresta mais próxima, anunciando um temporal. Sempre acontece quando algo ruim está para se aproximar. Mais exatamente, risadas sádicas dos fantasmas de quatro crianças. As vozes na casa se juntam aos trovões no matagal. Dias depois, a freira Mercedes e o padre Roges vão ao quarto e têm a pior experiência de suas vidas ao verem o pequeno vilão em meio aos fenômenos malignos. O padre termina sem vida, mas Mercedes consegue escapar horrorizada.

Cem anos depois. Uma senhora, Magali, está a caminho do internato, em companhia da bisneta Alicia Stela — parente do Jony de O Assassino dos Meus Sonhos? Enquanto isso, o céu novamente se fecha e anuncia tempos nada bonitos. Ao chegarem à casa, são recebidas pela tutora, Allegra — isso é nome de remédio! (risos) Magali pressente algo estranho, mas não dá ouvidos à intuição e deixa a menina com a cuidadora. Mais tarde, enquanto vê outras crianças brincarem no gramado, Alicia tem a mesma sensação de Magali e vê um vulto chamando-a na entrada da floresta.

Ao anotar, no diário, informações sobre o primeiro dia de Alicia, Allegra cita o medo que tem dos arredores da colina à noite. A menina dorme bem nesse dia, mas não na noite posterior. No meio da madrugada, a neblina dá lugar a nuvens carregadas de chuva a anunciarem os estranhos sussurros do título, como se espíritos de crianças pedissem socorro. No dia seguinte, quando busca a boneca que acaba de cair no chão, Alicia ouve os mesmos chamados e se dirige ao quarto do pânico. A porta se abre num ranger tenebroso e revela um ambiente de penumbra. A menina entra.

Nesse instante, Magali tem uma nova intuição: deve livrar a bisneta da mansão mal-assombrada o quanto antes. Pega o carro e parte em direção ao local. No internato, debaixo da chuva mais intensa, Allegra desjejua quando surgem vultos de crianças sem rosto a baterem sem parar no vidro. Elas matam os coleguinhas de Alicia, um por um, em sequências apavorantes de sangue e luz piscante. Magali chega à casa e procura por Alicia a fim de salvá-la. Assim que vê a bisavó ser dominada e assassinada pelos espíritos, a menina corre em direção à floresta e deixa tudo para trás, até que vê um carro preto na estrada. O motorista lhe dá carona. Está salva? Não, se depender da música que fecha a minissérie. Segue um trecho:

Um, dois não olhe pra trás
Três, quatro correr não adianta mais
Cinco, seis chegou a sua vez
Sete, oito, nove, dez ele vai puxar seus pés
(…)
Ele senta em uma cadeira
Ao lado da sua cama
Ele sorri vendo você se debatendo enquanto
Corta sua garganta

 

 

O autor opta por uma narrativa de linguagem fluida e sem vocabulário rebuscado, de modo a inserir os leitores no mundo fantasmagórico e macabro vivido pelas crianças do internato. Porém, a minissérie não é indicada para pessoas muito sensíveis: os pequenos são mortos com requintes de crueldade — como a menina esfacelada com um pedaço de vidro e o menino afogado no vaso sanitário em pleno poltergeist. Digno de um filme de terror dos anos 1980. O bordão, repetido a todo instante nos três capítulos, é mais uma amostra dessa característica. O fato de a mansão estar no alto de uma colina em meio a uma floresta dão um toque a mais de tensão, assim como o de o clima estar sempre fechado e chuvoso quando os espíritos atacam. Marcos Vinicius costurou bem os elementos e mostrou que as coisas simples costumam funcionar bem nesse gênero. O menino dos cabelos cacheados e olhos horripilantes é uma atração a mais.

Outro destaque da história é a mediunidade reprimida há anos por Magali, após um incidente antigo que o autor pouco explorou — o que fez bem, pois poderia desviar a história do rumo —, e que foi herdada por Alicia. Esta foi a porta de comunicação dos seres que queriam dominar a casa e capturar as almas dos “invasores”, matando-os.

Gramaticalmente, há uma ou outra inadequação, nada que prejudique a obra ou que seja muito relevante para análise. No entanto, a apresentação do personagem dos cabelos cacheados merece nota. Observe dois trechos do primeiro episódio:

 

Na primeira aparição, o sujeito é especificado e definido (“Aquele menino…”); na segunda, o autor deu a impressão de ter voltado atrás e o apresentou como alguém que ainda seria determinado em sua importância e características na trama (“Um menino…”), o que fere um pouco a lógica na leitura. Ficaria melhor se Marcos invertesse a ordem dos pronomes. Mostra um menino “qualquer” primeiro, e depois o retoma como “aquele” da cena anterior.

De todo modo, um dos melhores trabalhos de Marcos Vinicius em toda sua trajetória no Mundo Virtual. Se vocês curtem temas fortes e chocantes, não deixem de ler Os Estranhos Sussurros do Internato Santa Helena, na Widcyber e na WebTVPlay.

 

Na próxima resenha, vamos de uma novela cheia de mistérios, vingança e casos médicos bastante complexos e instigantes: Estação Medicina. Até a próxima! Um abraço!

  • Muito obrigado pela resenha Marcelo. Adorei. E que bom que você gostou também. Minha segunda experiência no gênero – a primeira foi o conto para a Antologia Lua Negra – pretendo lançar a segunda temporada desta série, afinal, o que será de Alicia nas mãos daquele homem que lhe deu carona, não é mesmo?

  • Oii, eu tava pesquisando sobre minhas webs e vi que você fez uma crítica sobre “Ouro Blindado”. Ameii e deixei um comentário lá

    • Olá, Selma! Tudo bom? Sua mensagem de lá não chegou pra mim. De todo modo, fiquei feliz que você gostou da análise. Espero você mais vezes no blog. Até a próxima. Um abração! 😉

      • Olá, Selma. Achei o comentário. Estava no blog antigo. Postei a resenha lá antes de migrar aqui pra Widcyber. Vou colocar aqui e respondo:

        “Aaaaa amei a crítica. Concordo com quase tudo kkkk. A parte do “deus u livre” é um modo de falar da minha região. Tentei fazer personagens humanos, que erram e acertam. Posso ter errado na construção de algum, ou ter deixado outro de lado, mas eu escrevia tudo no mesmo dia de exibição kk (sufoco). Mas fico feliz que entendeu a proposta da novela. Bjs😘😘”

        Uma ideia muito boa que você teve da novela. Um ajuste ou outro, principalmente nos vilões, e eles ficam mais humanos, assim como sua novela ainda mais atraente e empolgante. Gostei mesmo. Parabéns! Bjs!

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